Menino foi sequestrado em março de 2010, quando descia de um ônibus no Nova Esperança
O quarto da casa de número 346, na rua João Silva, no conjunto Nova Esperança, continua praticamente intacto. A exceção de umas fotografias colocadas sobre a penteadeira, muito pouco foi mexido à espera de um milagre: a possibilidade de retorno do menino Fabrício Augusto Souza da Costa, 16 anos, desaparecido há exatamente um ano, no dia 16 de março de 2010.
Embora seis indivíduos estejam presos, respondendo pelo crime de sequestro seguido de morte ao garoto, o corpo nunca foi localizado pela polícia. Na casa, onde o menino morava com a tia-avó, o sentimento de vazio é preenchido, algumas vezes, com lembranças como o primeiro diploma, quando ele concluiu a 4ª série do ensino básico, no qual está gravada a frase: “Com Deus vamos vencer”, refletindo o sentimento de esperança da família de um dia reavê-lo.
“Queria ao menos que aparecesse o seu corpo”, diz Ruth Rebouças, a tia-avó, que na verdade se tornou mãe do menino, depois deste ter sido deixado pela mãe com ela.
O uniforme da escola Rodrigues Leite, onde ele estudava também é guardado junto a bermudas e às camisetas casuais as quais ele gostava de usar.
“Ele era um menino franzinho”, comenta Ruth, de olhos lacrimejando, mostrando uma peça de roupa. Seu rosto está envelhecido pelas 365 noites quase não dormidas, no aguardo de um esclarecimento mais convincente sobre o que teria ocorrido com seu filho.
O processo tramita na 4ª Vara Criminal do Fórum Barão do Rio Branco, na mesa do juiz de Direito Cloves Augusto Cabral.
Estão presos Leonardo Leite de Oliveira, o “Doidinho”; Edvaldo Leite de Oliveira; Miguel Rodrigues do Carmo, o “Tatu”; Helington Rodrigues de Castro; Djair Oliveira de Souza, o “Maluquinho”; e Dorimar da Silva, o “Balseiro”.
O garoto foi sequestrado no dia 16 de março do ano passado, quando descia de um ônibus em direção à sua casa no Nova Esperança. Os indivíduos ainda não revelaram qual foi o propósito do crime. Um dos acusados confessou o suposto sequestro, seguido de morte por esquartejamento, indicou supostos cativeiros e supostos locais onde a quadrilha o teria abandonado, mas continuo dizendo em tom de ameaça que jamais “o corpo de Fabrício seria encontrado”. “A família não vai velar o corpo”, disse Leonardo, o “Doidinho”.
“O porquê disso ter acontecido é o que nos perguntamos até hoje”, afirma o tio, Sérgio Costa, que participou das investigações realizadas pela própria família, possibilitando à polícia chegar aos criminosos.
“Sabemos que houve um sequestro e que o garoto morreu, mas até hoje não sabemos a motivação. Nem a polícia, nem a Justiça nos mostram alguns aspectos conclusivos como, por exemplo, o exame de DNA feito em substâncias orgânicas no cativeiro do menino, cujo resultado nunca nos foi revelado”, pontua Costa.
No processo estão arroladas 29 testemunhas ao todo, sendo 19 de acusação e 10 de defesa. Dois menores de idade que também estão envolvidos no caso prestaram depoimentos na 1ª Vara da Infância e Juventude de Rio Branco, unidade na qual serão julgados, conforme determina o Estatuto da Criança e do Adolescente.
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